segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Transplante Renal.

TRANSPLANTE RENAL

O transplante é a substituição dos rins doentes por um rim saudável de um doador. É o método mais efetivo e de menor custo para a reabilitação de um paciente com insuficiência renal crônica terminal.

A técnica cirúrgica e os cuidados do transplante renal foram bem estabelecidos como tratamento adequado para a insuficiência crônica renal a partir de 1965.

Hoje, no Brasil, aproximadamente 35.000 pacientes com insuficiência renal crônica estão em tratamento pela diálise. Destes, somente três mil conseguem ser transplantados anualmente. A razão dessa longa fila de espera se deve ao pequeno número anual de transplantes renais. No Brasil, só conseguimos transplantar 10 % dos pacientes que estão na lista de espera.

Além disso, a mortalidade em hemodiálise em todo o mundo e no Brasil é da ordem anual de 15 a 25 %. Se somarmos os pacientes transplantados (10 %) aos que morrem em hemodiálise (15 a 25 %) restam anualmente 65 a 75 % de pacientes na lista de espera. A esse grupo deve-se somar os novos renais crônicos que surgem todo o ano, em torno de 35 a 50 para cada um milhão de habitantes.

Quem pode fazer transplante renal?

Todo o paciente renal crônico pode se submeter a um transplante desde que apresente algumas condições clínicas como: suportar uma cirurgia, com duração de 4 a 6 horas; não ter lesões em outros órgãos que impeçam o transplante, como cirrose, câncer ou acidentes vasculares; não ter infecção ou focos ativos na urina, nos dentes, tuberculose ou fungos; e não ter problemas imunológicos adquiridos por muitas transfusões ou várias gestações.

Quem pode doar um rim?

Podem doar rim pessoas vivas e pessoas em morte cerebral. O doador vivo pode ser da família (pai, mãe, irmão, filhos), ou de outra pessoa relacionada com o receptor. Todos os doadores vivos devem estar em plena consciência do ato que estão praticando. Após serem examinados clínica e laboratorialmente e se não apresentarem nenhuma contra-indicação podem doar o rim.

Algumas vezes são realizados transplantes com doador vivo não relacionado, exemplo esposa (o). Nesses casos a investigação realizada é muito maior e deve haver algum grau de compatibilidade dos tecidos para não haver rejeição.

É muito importante em todo o transplante, seja de doador vivo ou não que o sangue e os tecidos sejam compatíveis. Essa semelhança evita que o sistema de defesa imunológica do receptor estranhe o novo rim e o rejeite. Para isso, são feitos exames da tipagem sangüínea (ABO) e dos antígenos dos glóbulos brancos (HLA). O HLA é um exame igual ao de paternidade e/ou maternidade.

Para o doador por morte cerebral, há uma rotina e um protocolo nacional que são seguidos rigidamente pelas equipes de transplante. Os principais passos são os seguintes:

1 Constatar a morte cerebral;
2 Afastar qualquer doença que inviabilize o transplante;
3 Reconhecer a viabilidade do órgão a ser doado;
4 Realizar as provas de compatibilidade;
5 Procurar o receptor mais parecido (compatível);
6 Enviar o órgão ao local da cirurgia do receptor.

Como se prepara um transplante de doador vivo?

O transplante de doador vivo é um processo que segue os seguintes passos:

1 São afastadas as contra-indicações de ordem física e de fundo emocional;
2 Compara-se o grupo sangüíneo do doador e do receptor que devem ser compatíveis;
3 Verifica-se a compatibilidade (HLA), semelhança entre o receptor e o doador;
4 Estuda-se o doador para verificar se pode doar sem prejuízos e se não tem alguma doença;
5 Estuda-se o receptor para verificar se não está sensibilizado para evitar crise aguda de rejeição contra o rim doado;
6 Deve-se começar antes da cirurgia o tratamento com os imunossupressores;

Esses são os passos principais, mas o transplante de rim de doador vivo ou não tem rotinas específicas de cada equipe de transplante.

Cuidados com o paciente transplantado:

Após a cirurgia, iniciam-se os cuidados médicos que vão durar para toda a vida do transplantado. Exames clínicos e laboratoriais são feitos diariamente durante os primeiros 15 a 20 dias para diagnosticar e prevenir as rejeições.

Após a alta, o transplantado faz exames clínicos e laboratoriais semanalmente, por 30 dias, depois duas vezes por mês. Os três primeiros meses são os mais difíceis e perigosos, porque é o período no qual ocorre o maior número (75%) de rejeições e complicações infecciosas.

A partir do terceiro mês, iniciam-se os exames mensais durante 6 meses. E o controle vai se espaçando conforme a evolução clínica e o estado do rim.

Nunca, sob hipótese alguma, o paciente pode interromper ou modificar a medicação, ou deixar de fazer os exames indicados. É uma obrigação para o resto da vida. Uma falha pode ser fatal. A crise de rejeição pode ocorrer a qualquer momento, mesmo após muitos anos de um transplante bem sucedido.